quarta-feira, 23 de julho de 2014

Está a educar os seus filhos para serem boas pessoas? Os psicólogos de Harvard acham que não


Sim, estamos todos preocupados em educar crianças inteligentes, para que tenham um futuro profissional brilhante. Mas e a simpatia, o altruísmo? Os psicólogos de Harvard prepararam seis dicas.



É provável que tenha perguntado recentemente ao seu filho se fez os trabalhos de casa, ou qual a nota que tirou no teste. Mas quando foi a última vez que lhe fez uma pergunta sobre generosidade e partilha? De acordo com as conclusões de um novo estudo do projeto Making Caring Common, as mensagens que os adultos estão a enviar aos filhos centram-se mais no alcance de objetivos do que na preocupação de criarmos boas pessoas. Para inverter a situação, a equipa de Harvard recomenda seis princípios gerais para educar os filhos com carinho, respeito e ética.
O estudo, intitulado “As crianças que queremos educar“, começa por afirmar que os miúdos não nascem simplesmente bons ou maus, e que nunca devemos desistir deles. A ideia a transmitir é a de que é sempre possível alguém tornar-se numa boa pessoa, e que esse trabalho começa na infância.
“As crianças precisam de adultos que as ajudem, em todas as fases da infância, a tornar-se solidárias e éticas”. É preciso desenvolver nas crianças “a preocupação pelos outros”, não só porque é o correto, mas também porque sentir empatia e assumir a responsabilidade perante outros é uma grande ajuda no caminho para o sucesso e para a felicidade. Isto porque , no mundo do trabalho, o sucesso depende muitas vezes das colaborações que estabelecemos com os outros, e as crianças que têm empatia por outras pessoas e consciência social serão também melhores colaboradores.
Depois de uma pesquisa e de experiências analisadas junto de algumas famílias, a Making Caring Common, da Harvard Graduate School of Education, recomenda seis princípios gerais com um conjunto de marcos para criar os filhos carinho, de respeito e de ética.
1. Seja um mentor e um modelo forte
As crianças aprendem valores e comportamentos através da observação dos adultos que elas mais respeitam: os pais.
Tente isto: Envolva-se em serviço comunitário ou noutras formas de contribuir para a comunidade. Melhor ainda, pense fazer isso com o seu filho. Quando cometer um erro que afete a criança, converse com ela sobre por que acha que o cometeu e como pretende evitar cometer o erro da próxima vez.
2. Faça do cuidado com os outros uma prioridade 
Os pais devem explicar que a preocupação com terceiros é de extrema importância, tanta quanto a nossa própria felicidade. “Embora a maioria dos pais diga que o cuidado com os outros é uma prioridade para os seus filhos, eles não estão a receber essa mensagem”.
Tente isto: Em vez de dizer aos seus filhos que “o mais importante é que sejas feliz”, diga que “o mais importante é que sejas gentil e feliz”. Tente também abordar o assunto quando outros adultos importantes para a vida do seu filho estejam presentes, por exemplo, perguntar à professora se o filho é um bom membro da comunidade, em vez de perguntar apenas pelo aproveitamento escolar. E se um dia ele quiser desistir de uma equipa desportiva, de uma banda ou de uma amizade, fale sobre isso. Pergunte se a desistência não vai prejudicar o grupo e encoraje-o a resolver os problemas.
3. Crie oportunidades à criança para que possa praticar atos de carinho e gratidão
Boas pessoas todos podemos ser, mas isso não acontece do nada. As crianças precisam praticar o cuidado com os outros, a gratidão e a apreciação pelas pessoas que as tratam bem. “Estudos mostram que pessoas que têm o hábito de expressar gratidão são mais propensos a ser úteis, generosos, a ter compaixão e a perdoar”, escreve a Making Caring Common. Tudo isto ajudará a criança a crescer mais feliz e saudável.
Tente isto: Espere que as crianças ajudem de forma rotineira, por exemplo, com as tarefas domésticas, e elogie apenas atos menos comuns de bondade. Quando este tipo de ações de rotina são simplesmente esperados e não recompensados, são mais facilmente interiorizados pelos mais novos. Fale também com o seu filho sobre os gestos de cuidado e indiferença, justiça e injustiça que ele vê no dia-a-dia ou na televisão
4. Aumente o círculo de preocupação da criança
É normal que as crianças simpatizem mais com um círculo pequeno de familiares e amigos. O desafio aqui é fazer com que os mais pequenos aprendam a preocupar-se e a dar-se com pessoas fora do círculo, tais como um novo colega da escola ou alguém que não fale a mesma língua
Tente isto: Incentive a criança a considerar os sentimentos daqueles que estão numa situação mais vulnerável. Pode também usar com os seus filhos histórias de jornais ou televisões para iniciar conversas com outras crianças sobre o que se passa no mundo e os problemas que meninos da mesma idade estão a passar, dando-lhes visões muito diferentes da realidade.
5. Ajude a criança a tornar-se numa pensadora e líder ética
As crianças interessam-se naturalmente por questões éticas e por norma gostam de melhorar a sua comunidade.
Tente isto: Aproveitando estes interesses dos mais novos, inicie com eles uma conversa sobre dilemas éticos que surgem, por exemplo, na televisão. Procure causas às quais a criança possa aderir, como a prevenção do bullying ou o apoio à educação de raparigas nos países em vias de desenvolvimento
6. Ajude a criança a desenvolver o autocontrolo e a gerir os seus sentimentos 
Muitas vezes, a capacidade de nos preocuparmos com o outro é suplantada pela raiva, vergonha, inveja ou outro sentimento negativo qualquer.
Tente isto: Uma maneira simples de ajudar os seus filhos a gerirem os seus sentimentos é praticarem juntos estes três passos: parar, respirar fundo pelo nariz e expirar pela boca, e depois contar até cinco. Experimente quando os seus filhos estiverem calmos. Depois, quando estiverem chateados por alguma razão, lembre-os dos passos e pratiquem-nos em conjunto. Não se esqueça também de praticar com eles a resolução de conflitos. Falem sobre um conflito a que tenham assistido e que tenha acabado mal, e peça-lhe para sugerir soluções mais pacíficas e construtivas para resolver o problema.
Fonte: Observador, 22-07-2014 (http://observador.pt/)

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Fracos resultados a Inglês levam Crato a generalizar ensino da língua a todos os alunos do 3.º ano em 2015/2016

Maioria dos alunos do 9.º ano tem conhecimentos abaixo do que seria esperado no seu grau de ensino. O alargamento do Inglês no 3.º ano a todas as escolas foi anunciado na apresentação dos resultados do teste de diagnóstico de Inglês do 9.º ano feito por Cambridge.

Todos ao alunos do 3.º ano de escolaridade vão passar a ter Inglês obrigatório no ano lectivo de 2015/2016, disse o ministro da Educação e Ciência, Nuno Crato, nesta sexta-feira. O alargamento a todas as escolas da disciplina, que se previa que fosse lançada naquele ano, mas em projectos-piloto, foi anunciado na cerimónia de apresentação dos resultados do teste de diagnóstico de Inglês do 9.º ano, que revelaram que cerca de 47% dos alunos do 9.º ano estão nos dois níveis mais baixos do teste de Cambridge, ou seja, não têm sequer conhecimentos ao nível do 7.º ano.
Segundo Nuno Crato,  a generalização no 3.º ano da oferta da disciplina, que terá uma carga horário mínima de duas horas semanais, obrigará a "um novo recrutamento de professores de inglês no ensino básico". Isto implicará, por sua vez, um concurso extraordinário de professores. O ministro não adiantou, contudo, qual será o número de vagas e quando será aberto esse concurso.
Para que esta oferta seja generalizada, no ano lectivo de 2014/2015 os professores de Inglês de diferentes níveis de ensino terão, assim e antes da abertura desse concurso, formação para darem aulas do 1.º ciclo, seja didáctica ou relativa a conteúdos. Será ainda criado um mestrado de Inglês para ensino básico, disse o governante.
Os resultados do Key for Schools não foram alheios a estes anúncios. Nuno Crato considera que é necessário apostar no ensino da disciplina aos estudantes mais novos, de forma a melhorar o desempenho dos alunos. Segundo os dados fornecidos pelo Instituto de Avaliação Educativa (IAVE), 47,2% dos alunos ficaram "abaixo do nível de referência para o teste em apreço", que foi obrigatório para os alunos do 9.º ano.
Destes cerca de 47% dos alunos do 9.º ano que têm dificuldade na disciplina - que não alcançaram os objectivos, que estão em níveis que podem ser considerados negativos -,  24,3% estão mesmo no nível mais baixo da escala - o Pré A1 - e 22,9% no imediatamente a seguir, o A1.
Nos dois patamares seguintes estão os restantes alunos do 9.º ano: 31,6% estão no nível A2, o que significa que têm conhecimentos equivalentes ao 7º ano e apenas 21,1% tem, de facto, conhecimentos B1, isto é, próprios do seu grau de ensino, o 9.º ano.

Assimetrias regionais
Na parte de leitura, cerca de 50% dos alunos tiveram um desempenho fraco. 16% estão no nível a seguir e apenas 10% tiveram um resultado bom. O nível excepcional fica-se em 24%. No que respeita a escrita e compreensão do que se ouve, 47% dos alunos são fracos, 17% estão no degrau a seguir (chama-seBorderline) e só 7% tiveram bom. 29% dos alunos são excepcionais a escrever e a perceber o que escutam.
Na componente oral (speaking), o nível Borderline - o segundo mais baixo - é aquele com mais peso: 48%. No nível fraco estão 26%, a mesma percentagem que somam, juntos, os bons e os excepcionais.
Quanto a regiões do país, os melhores resultados pertencem à área da Grande Lisboa e os mais fracos à zona do Tâmega e do Douro. Depois da Grande Lisboa, nos primeiros lugares, segue-se o Baixo Mondego, o Grande Porto e a Península de Setúbal. O Baixo e o Alto Alentejo, a Beira Interior Norte ou Alto-Trás-os-Montes ou a área do Pinhal Interior, surgem, entre outros, nos últimos lugares da tabela.

Teste para o ano
Nas conclusões, o IAV considera que “estão criadas condições para a aplicação, desejavelmente no próximo ano lectivo, do teste PET − Preliminary English Test for Schools”, ou seja, o nível a seguir. Recomenda-se ainda a “definição e aplicação de medidas de apoio pedagógico específicas para os alunos cujos resultados se situaram, no teste Key for Schools, nos níveis Pré-A1 e A1”, os patamares mais baixos. “Em termos futuros, deve equacionar-se, desde já, uma evolução da certificação da proficiência linguística que possa criar as condições para uma aplicação bem-sucedida do teste FCE for Schools (First Certificate of English) para os alunos do sistema de ensino português, no final da escolaridade obrigatória”, lê-se ainda.
Recorde-se que os resultados deste teste de diagnóstico foram adiados e apenas conhecidos nesta sexta-feira, por falta de professores avaliadores.

segunda-feira, 7 de julho de 2014